Aumento do frete marítimo pode impactar exportações de Agronegócios

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Mudanças nas metas de redução de gases de efeito estufa estipuladas pela Organização Marítima Internacional (IMO) podem majorar custos de transporte do setor.

O aumento do frete marítimo para as exportações de bens agropecuários do Brasil. Esse pode ser o resultado de discussões que acontecem na Organização Marítima (IMO, na sigla em inglês), com sede em Londres, Inglaterra. Para entender a pauta de negociação desse organismo das Nações Unidas, o projeto Conexão Brasília promoveu, na última terça-feira (28), uma live com a participação do representante brasileiro junto aos organismos internacionais em Londres, embaixador Marco Farani; do almirante de esquadra Luiz Henrique Paroli, que representa o país na IMO, e do presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes. O projeto é uma parceria com a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).

A IMO pretende reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa por carga transportada até 2023. Esse percentual deverá chegar a 70% até 2050. As métricas têm como base o volume emitido em 2008. A questão é que as normas técnicas para a adaptação das embarcações deverão aumentar o custo do frete marítimo. “São várias medidas que estão sendo estudadas e todas elas vão implicar no aumento do frete, e, consequentemente, vai levar a um aumento do custo da nossa commodity”, alertou Farani.

Segundo Caroli, mais de 90% das exportações do segmento agroindustrial acontecem por via marítima. Na opinião do representante do Brasil na IMO, a discussão sobre os impactos ambientais das embarcações é irreversível: “Isso é uma revolução no transporte marítimo que vai obrigar todo o setor a se reinventar, buscando essas soluções. Cada país tem um problema diferente de outro”, destacou.

O embaixador Marco Farani ressaltou a importância da cooperação entre representantes do setor privado e os negociadores do governo brasileiro para evitar que novas regras da IMO resultem em prejuízos para o campo. “Os nossos empresários entenderam que têm que acompanhar as discussões que podem ter repercussões sobre o custo do frete a médio ou longo prazo”, destacou o diplomata.

Já Nelson Carvalhaes lembrou que a eventual conversão da frota internacional de navios para biocombustíveis poderá, por outro lado, gerar oportunidades de negócios para os setores de etanol e biocombustíveis no Brasil. Carvalhaes ainda ressaltou a importância das exportações de café para a economia brasileira. “De cada xícara de café que se bebe no mundo, mais de uma terça parte é de café brasileiro. E, por isso, nós precisamos estar junto a nossa representação no exterior, defendendo os nossos interesses”.

Sobre a IMO

Criada em 1948 e com sede em Londres, a IMO é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que conta com 174 países membros. Tem como objetivo promover a realização do transporte marítimo seguro, ambientalmente correto, eficiente e sustentável por meio da cooperação entre países. Suas decisões, quando aprovadas pelos membros, tem repercussão imediata junto aos países e armadores.

Fonte: Agron
https://www.agron.com.br/publicacoes/noticias/economia/2020/07/30/064045/aumento-do-frete-maritimo-pode-impactar-agro.html